Gramado

Com assinatura de contrato, quando trem entre Porto Alegre e Gramado sairá do papel




Esperada desde o início do ano, a assinatura do contrato do governo do Estado, que pretende tirar do papel a construção da linha de trem Porto Alegre e Gramado, ocorrerá nesta quinta-feira (7). Com o ato, o Palácio Piratini autoriza os idealizadores a refinar os projetos, buscar investidores e solicitar as licenças ambientais necessárias.

Após a assinatura, as empresas envolvidas no projeto apresentarão pedido para obtenção da licença prévia da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). O Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) do trem já foi aprovado pelo governo gaúcho.

A definição de traçado deverá ocorrer até junho de 2026. Três traçados foram estudados e o caminho mais curto foi escolhido. Saindo da região do aeroporto Salgado Filho, o trem passaria por áreas rurais de Canoas, Esteio, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Parobé, Araricá, Nova Hartz e Santa Maria do Herval, chegando a Gramado.

O projeto, desenvolvido há dois anos, é capitaneado pela RG2E Engenharia Consultiva, que atua em projetos de metrôs e ferrovias de passageiros; pela STE Engenharia, com experiência em projetos de infraestrutura; e pela BF Capital, que atua na captação de investidores. As três criaram a SulTrens, uma empresa de propósito específico.

Prazos

Se todas as etapas forem cumpridas dentro dos prazos, a licença prévia poderá ser emitida em abril de 2028. Essa autorização aponta que o que está sendo proposto pode ser executado.

A próxima etapa é obter a licença de instalação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema). A expectativa é que essa autorização venha até maio de 2029. Com o documento em mãos, as empresas poderão dar início às obras.

A construção deverá durar mais dois anos e nove meses, ou seja, até fevereiro de 2032. Com o final dos trabalhos, a linha passará por um período de seis meses de testes. A expectativa é que, ao final deste período, o sistema já esteja em operação normal.

— Neste período, começaremos a operação com o trem vazio, usando sacos de areia para simular o peso das pessoas e cargas. Terminados estes testes, inicia-se a operação com passageiros, ainda sem cobrar a passagem. Grupos específicos serão convidados a viajar com o sistema. Serão oferecidas poucas frequências durante esse dia, sendo permitidos atrasos, na medida em que estaremos em testes — descreve o administrador da Sultrens, Renato Ely.

Mais do Projeto

A ideia é que a viagem seja feita em pouco mais de uma hora, fugindo dos congestionamentos das rodovias da Região Metropolitana. O sistema foi concebido para captar um mínimo de 10% dos turistas que sobem a Serra em direção a Gramado e Canela.

Na primeira avaliação feita, não haverá pontos de parada. Porém, se os estudos complementares apontarem que uma região possa potencializar o investimento, uma estação intermediária poderá ser criada.

A ideia é que o trem tenha viagem a cada hora, entre 7h e 9h. A partir das 10h, as partidas ocorreriam sempre em 30 minutos, até as 22h.

Cada viagem poderá transportar até 250 passageiros. Se for viável, durante o final da noite e madrugada, a linha poderá ser usada para o transporte de carga.

Somente em desapropriações, o cálculo estimado indica que serão investidos 10% do total previsto para o desenvolvimento do projeto. Mas o principal desafio será vencer os 800 metros de desnível da Serra. Para que o trem consiga passar pela região, a inclinação ocorrerá em um trecho de 12 quilômetros.

A viagem entre Porto Alegre e Gramado já ocorreu no século passado. A linha férrea foi desativada em 1963.

Investimento Privado

O investimento previsto é de R$ 3 bilhões e será executado com recurso 100% privado. Uma lei federal de 2021 estimula empresas, com autorização dos governos, a desenvolverem projetos, realizarem obras e fazerem a operação de linhas de transporte ferroviário. Se o projeto for viabilizado, a concessão poderá ter até 99 anos, segundo a lei federal.

Por Jocimar Farina para GZH
07/08/2025

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